sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

à crise..

Salão de Desenho


10 de Dezembro a 20 de Fevereiro


"A crise é uma mudança que sobrevém no curso de um processo degenerativo violento, de uma doença provocada por partículas desconhecidas (o estranho) ao corpo. As quais se manifestam através da incapacidade do físico em se exibir de acordo com o estipulado pelas normas e regras vigentes. Ao desviar-se do original (o singular), esta é uma perigosa conjuntura que tem persistido ao longo da história da humanidade - romanização, cruzadas, descobrimentos, renascimento, capitalismo, globalização, etc. - e que qualifica e determina o cânon ocidental (o exterior a influir sobre o secular). Usualmente, a crise é precedida e justificada por movimentos de contracção interna. O sujeito, como um único órgão, contrai-se e toma o efeito da redução das duas formas expressivas - a degenaração e a regra - em uma só. À é um elemento que tanto significa adjunção , aproximação, passagem a um estado , como apresenta o sentido de afastamento, de privação pelo qual os fenómenos desconhecidos se manifestam. Demonstra várias relações - sociais, económicas, políticas ou culturais -, enquanto indica a relação existente entre o sujeito e o predicado. Ao preceder a crise, a palavra à designa simultaneamente a coisa que exprime a substância, e indica o ser sobre o qual recai directamente a acção expressa, ao substituir, na oração, o nome. Nesta disposição sintáctica, denatureza civilizacional, os artistas têm as suas mentes na ordem caseira, no espaço Oikos, o centro da actividade doméstica (o primitivo); por oposiçãoà natureza da Polis grega , ou da Domus romana, o espaço arquitectónico de reunião e conflito público, ou seja, a praça pública onde se encontra o mercado (o duplo). Para os artistas, os seus espaços domésticos, estão sempre com eles. Tomemos, por exemplo, o navio. Para um marinheiro o navio é o seu espaço privado, inserido no espaço público, o mar, e o mesmo para o seu país. Para nós, todos os navios se parecem uns com os outros, e o mar é sempre o mesmo. Mas, para qualquer marinheiro, "não há nada de misterioso, a não ser o próprio mar, que é a amante da sua existência e inescrutável como o Destino" (Joseph Conrad, Heart of Darkness, p.3, tradução do autor). No mercado, na sociedade onde se encontra inserida, o destino da obra de arte é paraeconómico, pois não sendo propriamente um factor económico, está ligada à economia. Visão Sobre o Mercado (2009), de Miguelangelo Veiga (com 1000cm, a obra é vendida exclusivamente em múltiplos de 50 cm, esta requer a criação de uma evidência física da sua existência , tem de ser fotografada, e, ainda, tem de passar pelo acto de validação, através da assinatura do artista) ou as peças de Mikael Larsson (pequenas máquinas de registo de uma acção - o mecanismo é composto por dois tornos de precisão, reflectidos à distância de duas canetas de feltro, a tocar na superfície emulsiva, por onde passa uma fina folha de um rolo de caixa registadora) exprimem várias relações, nas quais uma dessas ligações está conforme aos preceitos da economia - qualificam a sua causa ao encontrar a sua individualidade na multiplicidade da economia. No entanto, esta qualificação transporta-nos para o oikonomikos (a gestão da casa), a unidade básica da sociedade, mas também onde ocorrem na sua maioria os adultérios: Miguelangelo Veiga e Mikael Larsson, e ainda, Sara Nunes Fernandes, The Hut Project, Paulo Mendes, Giorgio Sadotti pervertem o efeito do fenómeno de forma diversa (contrária) do que costuma ser. Criam uma paradinamia, ou seja, na imutabilidade das suas imediações, a versátil imensidão da vida é, também, na obra de arte, gerada e velada não por um sentido misterioso, mas por uma certa insipiência desdenhosa, esquiva. Também, nas peças de Francisco Sousa Lobo, Backward e Forward (ambas de 2009), de Ana Guedes, Natureza morta contra parede (2009), de Francesca Anfossi, Escalator (2007) e de Fernando Mesquita, o motivo é transformar a energia produtiva bruta - a relação entre a arte (como singularidade) e a economia (como multiplicidade); entre uma obra de arte, com todas as implicações que daí advêm, e um produto resultante do consumo; mas essencialmente a ligação entre o real e a ilusão, a semelhança entre a verdade e a mentira, o reflexo do nós nos outros - em fenómenos pelos quais se manifestem a presença de partículas elementares, quer em repouso, quer em movimento. Apesar do quotidiano socioeconómico (antes capitalismo, agora globalização) parecer sempre o mesmo - como se estivéssemos parados sempre no mesmo lugar sem nos mover, mas, quando, na realidade, passamos por vários lugares, locais ocorrem trocas, transformações - as infogravuras Where do You Want to Go Today? Web Search Interest: Travel (2009), de Patrícia Sousa, chuvas ácidas (estudos sobre a possibilidade de grande tenpestade mundial), série I, (2009), de Lúcia Prancha, ou a série de gráficos desenvolvida por Romeu Gonçalves testemunham, como funções matemáticas representativas, a nossa vivência diária. A informação visual gráfica parece pertencer a uma sórdida farsa representada em frente de um sinistro pano de fundo. Com alcance internacional, o "salão de desenhos", à crise.. é um espaço aberto para o debate, com ênfase em temas actuais da arte contemporânea. Apresentada numa "galeria" e com uma disposição derivada dos "salões" do início do século vinte, ou seja, apresenta-se inscrita no domínio tradicional expositivo do espaço galerístico (cubo branco). Pessoalmente, à crise é também uma só palavra, a qual implica e tem implícito que, se tu não gostas do lugar onde vives, muda-te (um dos indicativos desenhos do outro, por Adam Latham). Assim, neste contexto, o verbo, na sua função sintáctica, surge como uma palavra-ordem (o título da exposição comanda e é ordenado por - no sentido do movimento que anima o physis, mas, em simultâneo, sob o nome do logos, implica também a predicação da palavra). A simplicidade das obras apresentadas e a complexidade da realidade prevalece enquanto convidam à reflexão sobre uma variedade de eventos actuais. Ao abordar o potencial humano e artístico a exposição fomenta debates sobre os corpos estranhos (a ilusão da luz) e a participação."

Rui Gonçalves Cepeda



Martinha Maia
S/Título
2007, monotipias s/papel, 45x37 cm
Martinha Maia
S/Título
2007, monotipias s/papel, 45x37 cm
Manuel Furtado dos Santos
S/Título
2009, técnica mista s/papel, 25x18 cm

Manuel Furtado dos Santos
S/Título
2009, caneta s/papel, 18x25 cm

Manuel Furtado dos Santos
S/Título
2009, caneta s/papel, 18x25cm



Patrícia Sousa

Over exposed city

2007, tinta da china s/papel, 31x20 cm

Giorgio Sadotti
Only Look
2009, colorama photographic backdrop paper, 119x82 cm





Manuel Santos Maia
alheava_a escala (Companhia_Portugal - estudos)
1999-2009, desenhos s/papel vegetal e papel de engenheiro, nota e imp.s/papel, dim.variáveis



Manuel Santos Maia
alheava_a escala (interior de casa - estudos)
1999-2009, desenhos s/papel de engenheiro, aguarelas s/papel, dim.variáveis


Manuel Santos Maia
alheava_a escala (ultramarina - estudos) (detalhe)
1999-2009, desenhos s/papel de engenheiro, imp. e aguarela s/papel, dim.variáveis

Carla Cruz
I would prefer to
2009, grafite s/papel, 42x29,8 cm

João Ferro Martins
Tambourin
2009, grafite s/pandeireta, 24 cm (diâmetro)x5cm

João Ferro Martins
S/Título
2009, acrílico s/papel de pauta, 29,7x21cm

Sara Santos

S/Título

2009, lápis de cor s/papel, 35x25 cm


Carlos Nornonha Feio

Acção/Acções II

2009, 20 desenhos a laser, 20 desenhos a papel químico, acrílico, madeira, 40x58x0,16cm




Sara Nunes Fernandes

Desenhado por um amigo e emoldurado pela minha mãe (Chris Bird)
2009, desenho, moldura, 36,2x29,2cm

Mikael Larsson
Untitled #1
2009, 2 tornos de precisão, canetas de feltro, papel, dimensões variáveis




The Hut Project
Fogo-de-artifício Desenhar
2009, firework residue, 56x50x50cm

Soraya Vasconcelos
Série de desenhos de parasitas e simbiontes
2009, caneta Bic s/papel, 30x42

Sara Nunes Fernandes
Se me fôr embora depois disto e me transformar em algo diferente vens salvar-me
2009, lápis s/papel, 9x13 cm


Sara Nunes Fernandes
A tinta preta mas, na verdade, a luz que passa pela árvore como a vejo da minha janela
2009, desenho a tinta preta recortado, 2x10x9cm



Romeu Gonçalves
Da Série Gráficos (2009)
2009, técnica mista s/papel, 70x70 cm


Romeu Gonçalves
Da Série Gráficos (2ST)
2009, técnica mista s/papel, 70x70 cm






Pedro Alves
S/Título (12)

2009, carvão s/papel, 18x25 cm



Paulo Mendes
O fogo arde durante a tempestade
2009, carvão s/papel kraft e pregos, 199x140 cm












Paula Prates
S/Título
2003, lápis de grafite s/papel, 14,8x21 cm


Patrick Coyle
Holding this objecty
2009, lixa, parafuso, folha A4, 5cm (diâmetro)


Miguelangelo Veiga
Vista Sobre o Mercado
2009, tinta da china s/papel, 1000x150 cm



Mara Castilho
O desgosto do mestre
2009, carvão, forgo, papel queimado e vidro, 18x24 cm


















Lúcia Prancha
chuvas ácidas (estudos sobre a possibilidade de grande tempestade mundial), série I
2009, caneta e lápis de cor s/impressão digital e papel, 21x29,9 cm




Lara Torres com Ana Santos
Peça plana com molde de saia
2009, contraplacado, pano crú, 120x120x0,4cm



Francisco Sousa Lobo
Forward
2009, pastel de óleo s/papel, 102x67cm


Francisco Sousa Lobo
Backward
2009, pastel de óleo s/papel, 102x67cm


Francesca Anfossi
Easy Jet
2006, 23'', edition 1/5


Francesca Anfossi
Escalator
2007, photo etching and vinyl on paper, edition 4/8

Evgenia Tabakova
Lamp''
2009, tinta da china em papel com impressão inkjet, 29,9x21,1cm


Evgenia Tabakova
Untitled
2009, tinta da china e grafite s/papel com impressão inkjet, 11,5x16cm



Catarina Viana
De dentro para fora II
2009, cera, tinta acrilíca e grafite s/papel, 20,4x12,7


Catarina Viana
De dentro para fora III
2009, cera, tinta acrílica e grafite s/papel, 12,7x20,4cm


Catarina Viana
De dentro para fora I
2009, cera e grafite s/papel, 12,7x20,4cm


Bruno Borges
Telhado
2009, caneta e tinta da china s/papel, 21x29,7cm
Bruno Borges
Penedo
2009, caneta e tinta da china s/papel, 29,7x21cm
Bruno Borges
Muro
2009,caneta e tinta da china s/papel, 29,7x21cm
Bruno Borges
Lixo
2009, caneta e tinta da china s/papel, 29,7x21cm
Bruno Borges
Escada
2009, caneta e tinta da china s/papel, 21x29,7cm
Bruno Borges
Dança com Fantasma
2009, caneta e tinta da china s/papel, 29,7x21cm

Bruno Borges
Chão
2009, caneta e tinta da china s/papel, 21x29,7cm
Bruno Borges
Casa Partida
2009, caneta e tinta da china s/papel, 21x29,7cm



André Alves
Tributo; não se fazendo amigavelmente mas traiçoeiramente (detalhe)
2008, grafite fixa e guache sobre papel, 1,34x4mt



Ana Sério
Espaço(s) Reflectido(s) #12
2009, carvão s/papel, 50x65cm


Ana Sério
Espaço(s) Reflectido(s) #11
2009, carvão s/papel, 50x70cm


Ana Guedes
Natureza morta contra parede #2
2009, grafite s/papel, 50x70 cm


Ana Guedes
Natureza morta contra parede #3
2009, grafite s/papel, 70x100 cm



Adam Latham
If You Don't Like Where You Live You Shuold Move
2007, tinta e aguarela s/papel, 65x55cm


Adam Latham
Be A Winner In Hawaii
2007, tinta e aguarela s/papel, 70x55cm


Adam Latham
We Gat Binanas
2007, tinta e aguarela s/papel, 60x42 cm