à crise..
10 de Dezembro a 20 de Fevereiro
"A crise é uma mudança que sobrevém no curso de um processo degenerativo violento, de uma doença provocada por partículas desconhecidas (o estranho) ao corpo. As quais se manifestam através da incapacidade do físico em se exibir de acordo com o estipulado pelas normas e regras vigentes. Ao desviar-se do original (o singular), esta é uma perigosa conjuntura que tem persistido ao longo da história da humanidade - romanização, cruzadas, descobrimentos, renascimento, capitalismo, globalização, etc. - e que qualifica e determina o cânon ocidental (o exterior a influir sobre o secular). Usualmente, a crise é precedida e justificada por movimentos de contracção interna. O sujeito, como um único órgão, contrai-se e toma o efeito da redução das duas formas expressivas - a degenaração e a regra - em uma só. À é um elemento que tanto significa adjunção , aproximação, passagem a um estado , como apresenta o sentido de afastamento, de privação pelo qual os fenómenos desconhecidos se manifestam. Demonstra várias relações - sociais, económicas, políticas ou culturais -, enquanto indica a relação existente entre o sujeito e o predicado. Ao preceder a crise, a palavra à designa simultaneamente a coisa que exprime a substância, e indica o ser sobre o qual recai directamente a acção expressa, ao substituir, na oração, o nome. Nesta disposição sintáctica, denatureza civilizacional, os artistas têm as suas mentes na ordem caseira, no espaço Oikos, o centro da actividade doméstica (o primitivo); por oposiçãoà natureza da Polis grega , ou da Domus romana, o espaço arquitectónico de reunião e conflito público, ou seja, a praça pública onde se encontra o mercado (o duplo). Para os artistas, os seus espaços domésticos, estão sempre com eles. Tomemos, por exemplo, o navio. Para um marinheiro o navio é o seu espaço privado, inserido no espaço público, o mar, e o mesmo para o seu país. Para nós, todos os navios se parecem uns com os outros, e o mar é sempre o mesmo. Mas, para qualquer marinheiro, "não há nada de misterioso, a não ser o próprio mar, que é a amante da sua existência e inescrutável como o Destino" (Joseph Conrad, Heart of Darkness, p.3, tradução do autor). No mercado, na sociedade onde se encontra inserida, o destino da obra de arte é paraeconómico, pois não sendo propriamente um factor económico, está ligada à economia. Visão Sobre o Mercado (2009), de Miguelangelo Veiga (com 1000cm, a obra é vendida exclusivamente em múltiplos de 50 cm, esta requer a criação de uma evidência física da sua existência , tem de ser fotografada, e, ainda, tem de passar pelo acto de validação, através da assinatura do artista) ou as peças de Mikael Larsson (pequenas máquinas de registo de uma acção - o mecanismo é composto por dois tornos de precisão, reflectidos à distância de duas canetas de feltro, a tocar na superfície emulsiva, por onde passa uma fina folha de um rolo de caixa registadora) exprimem várias relações, nas quais uma dessas ligações está conforme aos preceitos da economia - qualificam a sua causa ao encontrar a sua individualidade na multiplicidade da economia. No entanto, esta qualificação transporta-nos para o oikonomikos (a gestão da casa), a unidade básica da sociedade, mas também onde ocorrem na sua maioria os adultérios: Miguelangelo Veiga e Mikael Larsson, e ainda, Sara Nunes Fernandes, The Hut Project, Paulo Mendes, Giorgio Sadotti pervertem o efeito do fenómeno de forma diversa (contrária) do que costuma ser. Criam uma paradinamia, ou seja, na imutabilidade das suas imediações, a versátil imensidão da vida é, também, na obra de arte, gerada e velada não por um sentido misterioso, mas por uma certa insipiência desdenhosa, esquiva. Também, nas peças de Francisco Sousa Lobo, Backward e Forward (ambas de 2009), de Ana Guedes, Natureza morta contra parede (2009), de Francesca Anfossi, Escalator (2007) e de Fernando Mesquita, o motivo é transformar a energia produtiva bruta - a relação entre a arte (como singularidade) e a economia (como multiplicidade); entre uma obra de arte, com todas as implicações que daí advêm, e um produto resultante do consumo; mas essencialmente a ligação entre o real e a ilusão, a semelhança entre a verdade e a mentira, o reflexo do nós nos outros - em fenómenos pelos quais se manifestem a presença de partículas elementares, quer em repouso, quer em movimento. Apesar do quotidiano socioeconómico (antes capitalismo, agora globalização) parecer sempre o mesmo - como se estivéssemos parados sempre no mesmo lugar sem nos mover, mas, quando, na realidade, passamos por vários lugares, locais ocorrem trocas, transformações - as infogravuras Where do You Want to Go Today? Web Search Interest: Travel (2009), de Patrícia Sousa, chuvas ácidas (estudos sobre a possibilidade de grande tenpestade mundial), série I, (2009), de Lúcia Prancha, ou a série de gráficos desenvolvida por Romeu Gonçalves testemunham, como funções matemáticas representativas, a nossa vivência diária. A informação visual gráfica parece pertencer a uma sórdida farsa representada em frente de um sinistro pano de fundo. Com alcance internacional, o "salão de desenhos", à crise.. é um espaço aberto para o debate, com ênfase em temas actuais da arte contemporânea. Apresentada numa "galeria" e com uma disposição derivada dos "salões" do início do século vinte, ou seja, apresenta-se inscrita no domínio tradicional expositivo do espaço galerístico (cubo branco). Pessoalmente, à crise é também uma só palavra, a qual implica e tem implícito que, se tu não gostas do lugar onde vives, muda-te (um dos indicativos desenhos do outro, por Adam Latham). Assim, neste contexto, o verbo, na sua função sintáctica, surge como uma palavra-ordem (o título da exposição comanda e é ordenado por - no sentido do movimento que anima o physis, mas, em simultâneo, sob o nome do logos, implica também a predicação da palavra). A simplicidade das obras apresentadas e a complexidade da realidade prevalece enquanto convidam à reflexão sobre uma variedade de eventos actuais. Ao abordar o potencial humano e artístico a exposição fomenta debates sobre os corpos estranhos (a ilusão da luz) e a participação."
Rui Gonçalves Cepeda

Martinha Maia
S/Título
2007, monotipias s/papel, 45x37 cm
Martinha Maia
S/Título
2007, monotipias s/papel, 45x37 cm
Manuel Furtado dos SantosS/Título
2009, técnica mista s/papel, 25x18 cm
Manuel Furtado dos SantosS/Título
2009, caneta s/papel, 18x25 cm
Manuel Furtado dos SantosS/Título
2009, caneta s/papel, 18x25cm
Patrícia Sousa
Over exposed city
2007, tinta da china s/papel, 31x20 cm
Giorgio Sadotti
Only Look
2009, colorama photographic backdrop paper, 119x82 cm

Manuel Santos Maia
alheava_a escala (Companhia_Portugal - estudos)
1999-2009, desenhos s/papel vegetal e papel de engenheiro, nota e imp.s/papel, dim.variáveis
Manuel Santos Maia
alheava_a escala (interior de casa - estudos)
1999-2009, desenhos s/papel de engenheiro, aguarelas s/papel, dim.variáveis

Manuel Santos Maia
alheava_a escala (ultramarina - estudos) (detalhe)
1999-2009, desenhos s/papel de engenheiro, imp. e aguarela s/papel, dim.variáveis
Carla Cruz
I would prefer to
2009, grafite s/papel, 42x29,8 cm
João Ferro Martins
Tambourin
2009, grafite s/pandeireta, 24 cm (diâmetro)x5cm
João Ferro Martins
S/Título
2009, acrílico s/papel de pauta, 29,7x21cm
Sara Santos
S/Título
2009, lápis de cor s/papel, 35x25 cm

Carlos Nornonha Feio
Acção/Acções II
2009, 20 desenhos a laser, 20 desenhos a papel químico, acrílico, madeira, 40x58x0,16cm

Sara Nunes Fernandes
Desenhado por um amigo e emoldurado pela minha mãe (Chris Bird)
2009, desenho, moldura, 36,2x29,2cm
Mikael Larsson Untitled #1
2009, 2 tornos de precisão, canetas de feltro, papel, dimensões variáveis

The Hut Project Fogo-de-artifício Desenhar
2009, firework residue, 56x50x50cm
Soraya VasconcelosSérie de desenhos de parasitas e simbiontes2009, caneta Bic s/papel, 30x42
Sara Nunes FernandesSe me fôr embora depois disto e me transformar em algo diferente vens salvar-me
2009, lápis s/papel, 9x13 cm
Sara Nunes FernandesA tinta preta mas, na verdade, a luz que passa pela árvore como a vejo da minha janela
2009, desenho a tinta preta recortado, 2x10x9cm
Romeu GonçalvesDa Série Gráficos (2009)2009, técnica mista s/papel, 70x70 cm
Romeu GonçalvesDa Série Gráficos (2ST)2009, técnica mista s/papel, 70x70 cm



Pedro AlvesS/Título (12)2009, carvão s/papel, 18x25 cm
Paulo MendesO fogo arde durante a tempestade2009, carvão s/papel kraft e pregos, 199x140 cm









Paula Prates S/Título
2003, lápis de grafite s/papel, 14,8x21 cm
Patrick Coyle Holding this objecty
2009, lixa, parafuso, folha A4, 5cm (diâmetro)
Miguelangelo Veiga Vista Sobre o Mercado
2009, tinta da china s/papel, 1000x150 cm
Mara Castilho O desgosto do mestre
2009, carvão, forgo, papel queimado e vidro, 18x24 cm


Lúcia Prancha chuvas ácidas (estudos sobre a possibilidade de grande tempestade mundial), série I
2009, caneta e lápis de cor s/impressão digital e papel, 21x29,9 cm
Lara Torres com Ana Santos Peça plana com molde de saia
2009, contraplacado, pano crú, 120x120x0,4cm
Francisco Sousa Lobo Forward
2009, pastel de óleo s/papel, 102x67cm
Francisco Sousa Lobo Backward
2009, pastel de óleo s/papel, 102x67cm
Francesca Anfossi Easy Jet
2006, 23'', edition 1/5
Francesca Anfossi Escalator
2007, photo etching and vinyl on paper, edition 4/8
Evgenia Tabakova Lamp''
2009, tinta da china em papel com impressão inkjet, 29,9x21,1cm
Evgenia Tabakova Untitled
2009, tinta da china e grafite s/papel com impressão inkjet, 11,5x16cm
Catarina Viana De dentro para fora II
2009, cera, tinta acrilíca e grafite s/papel, 20,4x12,7
Catarina Viana De dentro para fora III
2009, cera, tinta acrílica e grafite s/papel, 12,7x20,4cm
Catarina Viana De dentro para fora I
2009, cera e grafite s/papel, 12,7x20,4cm
Bruno Borges
Telhado
2009, caneta e tinta da china s/papel, 21x29,7cm
Bruno Borges Penedo
2009, caneta e tinta da china s/papel, 29,7x21cm
Bruno Borges Muro
2009,caneta e tinta da china s/papel, 29,7x21cm
Bruno Borges Lixo
2009, caneta e tinta da china s/papel, 29,7x21cm
Bruno Borges Escada
2009, caneta e tinta da china s/papel, 21x29,7cm
Bruno Borges Dança com Fantasma
2009, caneta e tinta da china s/papel, 29,7x21cm
Bruno Borges Chão
2009, caneta e tinta da china s/papel, 21x29,7cm
Bruno Borges Casa Partida
2009, caneta e tinta da china s/papel, 21x29,7cm
André Alves Tributo; não se fazendo amigavelmente mas traiçoeiramente (detalhe)
2008, grafite fixa e guache sobre papel, 1,34x4mt
Ana Sério Espaço(s) Reflectido(s) #12
2009, carvão s/papel, 50x65cm
Ana Sério Espaço(s) Reflectido(s) #11
2009, carvão s/papel, 50x70cm
Ana Guedes Natureza morta contra parede #2
2009, grafite s/papel, 50x70 cm
Ana Guedes Natureza morta contra parede #3
2009, grafite s/papel, 70x100 cm
Adam Latham If You Don't Like Where You Live You Shuold Move
2007, tinta e aguarela s/papel, 65x55cm
Adam Latham Be A Winner In Hawaii
2007, tinta e aguarela s/papel, 70x55cm
Adam Latham We Gat Binanas
2007, tinta e aguarela s/papel, 60x42 cm