Fernando Mesquita
Quando tudo era selvagem e azul
Pintura / Instalação
31 de Março a 23 de Abril
“O trabalho de Fernando Mesquita, como outros anteriores, denotam a abordagem poliédrica na concretização de trabalhos de natureza diferente numa variedade de materiais que, no entanto, partilham um extenso processo de recolha, ordenação, colagem, associação e modelagem dos eventuais materiais disponíveis – imagens, objectos e até notas musicais – capazes de responder a determinadas constrições espaciais e temporais, então transformadas em ferramentas de trabalho maleáveis. Misticismo e simbolismo são ideias algo estranhas aos cânones de produção artística do Modernismo Ocidental, em particular a movimentos como o Fluxus de que a prática heterogénea e temporal de Mesquita nos recorda. Como muita da arte Fluxus ou dos artistas Conceptuais dos anos 60 e 70, Mesquita ocupa-se em grande medida com o processo, simplicidade e humor. Por exemplo, em 2009, para uma exposição curada pelo artista português Hugo Canoilas a inaugurar simultaneamente em vários art spaces na Europa, Mesquita apresentou a performance Love Song on Easter Sunday, dois coelhos dentro de uma caixa de acrílico transparente do mesmo tamanho que um teclado-midi, ligados a uma câmara, um PA e um projector. Enquanto os animais percorriam o teclado (ou se sentavam passivamente), tocavam involuntariamente notas que lembravam as de uma composição experimental de música avant-gard. De forma semelhante ao espírito Fluxus, esta peça valoriza a simplicidade sobre a complexidade: o aparato é mínimo, a performance é breve, o todo é regido pela “improvisação”. Os trabalhos de Mesquita procuram elevar o banal para criar uma consciência do quotidiano, para ironizar insolentemente a seriedade de consagrados movimentos artísticos da segunda metade do século passado. O evidente diálogo entre os trabalhos de Mesquita e os de Dieter Roth ou de Robert Motherwell, para apontar alguns exemplos pertinentes, é baseado num coeficiente de “energia” e “intensidade” típico deExpressionismo Abstracto, Fluxus e Arte Conceptual. Na sua exposição de referência When Attitudes Become Form, 1969 na Kunsthalle de Berna, Harald Szeemann, o mais importante curador da segunda metade do século passado, juntou Minimalistas e Conceptuais de acordo com o princípio que a arte depende do gesto do artista,que a sua energia e intensidade podem ser tão poderosas ao ponto de derrubar instituições. Szeemann tinha a intuiçãoque a arte feita de forma livre e imaginativa não é necessariamente oposta à forma, que mesmo os trabalhos mais formalistas ou mais conceptuais são matéria de envolvimento pessoal e emocional, como demonstrado pelo pronunciamento de que certos objectos são arte, a mudança de interesse do resultado para o processo artístico, a interacção com os materiais.”
Excerto de texto de Diana Baldon, retirado do catálogo da exposição Holy Mountains, na Giefarte, Lisboa Diana Baldon é curadora freelancer (entre outros, 2nd Athenes Biennalle: HEAVEN) e escritora (entre outros, Artforum Internacional e Afterall). Desde de 2005 dirige palestras internacionais, conversas e painéis sobre curadoria e arte contemporânea. Vive e trabalha em Viena.
2011, gesso, 52x116 cm
Asa de coruja
Before the blue sky #24
Before the blue sky #29
Before the blue sky #27
Before the blue sky #20
2011, óleo e acrílico s/gesso, 24x33 cm
Before the blue sky#21
2011, óleo e acrílico s/gesso, 24x33 cm
Before the blue sky #30
2011, óleo e acrílico s/gesso, 24x33 cm
Asa de coruja #3
2011, tinta permanente s/papel, 31x41 cm
Asa de coruja #9
2011, tinta permanente s/papel, 31x41 cm
Asa de coruja #1
2011, tinta permanente s/papel, 31x41 cm
Asa de coruja #6
2011, tinta permanente s/papel, 31x41cm
Asa de coruja #2
2011, tinta permanente s/papel, 31x41 cm
Asa de coruja #4
2011, tinta permanente s/papel, 31x41 cm
Asa de coruja #7
2011, tinta permanente s/papel, 31x41 cm
Asa de coruja #5
2011, tinta permanente s/papel, 31x41 cm
Asa de coruja #10
2011, tinta permanente s/papel, 31x41 cm
2011, tinta permanente s/papel, 31x41 cm